Com a participação de assistentes sociais e estudantes interessados na discussão sobre o serviço social e a pessoa idosa, a Comissão de Envelhecimento e Trabalho do CRESS/PE promoveu nesta sexta-feira (7 de abril), debate sobre o tema Gênero, Sexualidade e Envelhecimento.
Três palestrantes falaram sobre o tema. O assistente social Wenderson Ferreira, integrante da Comissão de Envelhecimento e Trabalho, fez a abertura, apresentando explanação introdutória sobre o tema.
Trouxe alguns pontos para o debate, mostrando questões relativas a masculinidade e feminilidade, mostrando o que é ser homem e ser mulher e os espaços conferidos ao “homem” e a “mulher”. Foi abordado também as identidades de gênero e de sexualidade, além das diferenciações entre hetero, homo, cis e trans e estudos sobre o tema.
Para Wenderson, é necessário romper com as amarras dos diversos silêncios que rodeiam a velhice e o envelhecimento. “Sobre a sexualidade na velhice, mais do que nunca os dados nos mostram que devemos quebrar este paradigma e desconstruir o imaginário social que remonta o mito da assexualidade na velhice. O ato sexual existe. Outras maneiras de expressar a sexualidade também existem. E é necessário falar sobre isto na Unidade de Saúde da Família, na comunidade, nas famílias e nas políticas públicas.”
HISTÓRIA E LUTA POLÍTICA
Depois, a assistente social do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), Adiliane Batista, presidenta eleita para a nova gestão do CRESS/PE, abordou o tema central, enfatizando as questões históricas e políticas, a ideologia de gênero presente no mundo, e os conceitos tratados sobre gênero e sexualidade. Assuntos que são de fundamental interesse para o/a assistente social.
Segundo Adiliane, foi destacada a história no movimento feminista contemporâneo, enquanto movimento social organizado a partir do século XIX. Citou as ondas do feminismo, o conceito de gênero (citando as categorias de análise e histórica), os estudos da mulher, a sexualidade e as identidades de gênero – mostrando como os sujeitos se identificam, social e historicamente, como masculinos e femininos.
Citou também a questão do Patriarcado, que abrange a sociedade como um todo. “É uma forma de expressão do poder político. De dominação masculina e relação civil, que dá direitos sexuais aos homens sobre as mulheres, praticamente sem restrições. É necessário alterar os padrões de desigualdade tão presentes ainda hoje na sociedade.”
ENVELHECER
O debate foi encerrado pela professora da UFPE, Fátima Lucena, que abordou o envelhecimento e suas influências nas questões das identidades de gênero e sexualidades.
Segundo a professora, gênero, sexualidade e envelhecimento são três coisas articuladas. “Gênero é uma forma de expressão do ser humano na sua diversidade, não apenas no masculino e feminino. É uma relação também que implica em poder e dominação. Por isso que precisamos entender de forma articulada a questão da sexualidade, pois também envolve essas questões. A construção das várias repressões da sexualidade é histórica, assim como a construção da ideia de gênero. Já a questão do envelhecimento é biológico e social”.
A professora lembra que, quando se fala na relação entre envelhecimento, gênero e sexualidade na relação heteroafetiva (homem e mulher) percebe-se que a solidão é uma coisa muito presente na vida das mulheres. “Essa solidão é majoritariamente feminina porque os homens nas relações heterossexuais geralmente morrem primeiro. Estatisticamente falando a longevidade feminina é maior hoje no Brasil. Daí verificar-se que a mulher é solitária, principalmente na velhice”.
A outra questão que Fátima Lucena coloca, considerando a questão da diversidade afetivo-sexual-humana, é que vivemos hoje um momento com novas formas de relacionamentos. “Já não existe mais a questão apenas do casamento homem e mulher. Vivemos profundas transformações humanas no mundo. E os movimentos LGBT já alcançaram bastante espaço e visibilidade, embora isso ainda precise se fortalecer mais.”
Para a professora é fundamental a/o assistente social conhecer sobre o tema. “Trabalhamos com a questão da desigualdade social, numa sociedade capitalista, individualista e desumanizada. E optamos, enquanto profissão, em lutar em defesa da classe trabalhadora. O trabalho é a categoria fundante do Serviço Social.”