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Abril é mês de luta indígena

19/04/2024 às 07h50

Esta sexta-feira (19/04) é o Dia dos Povos Indígenas. Confira abaixo a entrevista com Elizângela Cardoso de Araújo, indígena Pankararu, Assistente Social, Doutora e Pós-doutora em Serviço Social, da Aldeia Bem Querer de Cima, no Sertão de PE.

CRESS-PE: 19 de abril é o Dia dos Povos Indígenas. Qual a importância dessa data no Brasil de hoje?

Elizângela Cardoso: O Brasil ainda vive o desafio de repensar, refazer e reviver sua própria história. Temos um cenário de bons passos dados pelas organizações indígenas, pela dedicação de grandes referências de luta e multipontos locais de mobilizar e fazer pensar relações desiguais e preconceitos impostos aos povos originários. No campo das relações étnico-raciais, diante do não reconhecimento social e institucional das etnicidades, e das dificuldades, restrições para avançar no campo das políticas públicas. Abril é mês de luta indígena, pois ainda temos uma grande estrada na transformação de uma sociedade nacional que reconheça e respeite a presença originária dos povos indígenas nesse grande território chamado Brasil.

CRESS-PE: No campo e nos grandes centros, as populações indígenas vivenciam uma rota crítica de acesso à direitos. Quais são os principais desafios enfrentados por essas populações na atualidade?

Elizângela Cardoso: A vida indígena é profundamente violentada com a expansão urbana. A inserção compulsória das vidas indígenas na lógica capitalista de trabalhar, produzir, já é historicamente uma rota de muitas mortes e resistências. São as transformações dos ecossistemas, a violação do acesso e da convivência cosmológica com a água, a terra, a fauna e a flora. No momento que as populações indígenas são destituídas de seus acessos livre aos bens naturais, passam a compor os quadros de pobreza em contextos urbanos perdendo maior parte das vezes seus vínculos e memórias com sua ancestralidade e o reconhecimento do pertencimento de seu próprio povo - situação que se agrava com o preconceito, com o racismo imposto nas relações sociais e pelo não reconhecimento institucional de sua própria existência. A individualização e a homogeneização impostas pela lógica capitalista são grandes pontos de enfrentamento da afirmação coletiva do ser indígena e luta por nossos direitos.

CRESS-PE: De acordo com a última pesquisa do CFESS sobre o perfil de Assistentes Sociais, cerca de 0,32% da categoria é formada por pessoas de etnias indígenas. A maior parte dessas estão na região Norte do país. Por que é importante que o Serviço Social se aproprie da agenda dos povos indígenas? Como essa apropriação corrobora com o fortalecimento do projeto ético-político do Serviço Social?

Elizângela Cardoso: O Serviço Social como profissão, atuante pelos quadros profissionais, tem se dedicado à luta de renovação histórica, de voltar-se contra as desigualdades da sociedade brasileira e pela defesa das populações expropriadas e violadas. Porém, a atuação do Serviço social com as peculiaridades das vidas indígenas em múltiplos contextos ainda precisa avançar. A formação para atuação com os povos das águas, das florestas, dos diversos biomas brasileiros especialmente no campo da ruralidade ainda é algo que precisa avançar na formação para atuação profissional, especialmente pela pluralidade que somos em nossas cosmologias, cultura, crenças, costumes e modo de trabalho e produção da vida.

O campo de formação e atuação profissional também precisa acolher com respeito a diversidade do que somos nos bancos universitários. Não temos como passar por processos radicais e prejudiciais de apagamento do que somos e pensamos no âmbito da formação acadêmica. Também precisamos construir uma formação e atuação profissional multiétnica, nas quais visões de mundo e relações com a natureza, o mundo são múltiplas, nem todas regidas pela lógica formal, institucional e capitalista como é o que chamam de modernidade e civilidade. Repensar e refazer essa relação pode atuar como respeito e proteção ao direito indígena de viver livre de preconceito sem obrigação de se integrar à sociedade nacional compulsoriamente. Cada evento, cada diálogo que a profissão promove é fundamental. É fundamental despir-se da lógica formal acadêmica predominantemente selecionista,  meritocrática, punitivista, para chegar ao chão das realidades plurais dos povos, no seu ser em trabalhar, se alimentar, dormir, educar, comunicar. É fundamental a presença indígena na universidade não como objeto de estudo, e sim como protagonista na construção do conhecimento, com respeito às relações.

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