Foi realizado no Recife, o XXVIII Encontro Descentralizado Nordeste do conjunto CFESS-CRESS, no Marante Plaza Hotel, em Recife. Com o tema “Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não morrer”, o evento foi preparatório para o 48º Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS, no mês setembro de 2019, na cidade de Belém/PA. Mas, também foi pautado por debates sobre a atual conjuntura e a necessidade de reforçar o enfrentamento ao racismo e a resistência das/os assistentes sociais do Nordeste em tempos de combate às contrarreformas e aos retrocessos dos direitos sociais, políticos e econômicos.
O CRESS-PE organizou a atividade, que marcou o último ano de trabalho das gestões dos CRESS, foi importante para avaliar as deliberações cumpridas nos vários eixos em que se organizam as pautas político-administrativas dos Conselhos. A marca do evento chamou a atenção para elementos importantes relacionados a cidade do Recife e a luta contra o racismo e as desigualdades. Trazia como destaques as imagens de Dandara, Carolina de Jesus e Marielle Franco, mulheres negras que lutaram contra o racismo e as desigualdades, e que hoje são inspirações de luta.
A abertura do Encontro Descentralizado contou com a apresentação do Coletivo de Dança Agotimé, grupo formado por mulheres negras, que realizou no Encontro Descentralizado a sua primeira apresentação para um grande público.
Depois, a mesa de abertura com representações da ABEPSS, ENESSO, CFESS, CRESS-PE e Departamento de Serviço Social da UFPE. Depois foi realizada a Mesa de Conjuntura “Preta, pinta o mundo com seu tom… que essa tua negra tinta fará brotar a cor nesta cidade cinza que tanto te negou”, com a participação da professora do curso de Serviço Social da UFPE, Evelyne Pereira Medeiros e do coordenador do Movimento de Trabalhadores/as Sem Teto (MTST), Rudrigo Rafael
Em sua fala, a professora Eveline destacou a importância de se debater com a categoria de assistentes sociais sobre uma fala de conjuntura. “Esses momentos de debate ajudam a trazer elementos que a categoria vivem no seu cotidiano e se depara com a situação que estamos vivendo, como os impactos na saúde, educação, previdência, assistência social. E se a/o profissional não tiver conectada/o no espaço para promover e participar desse momento para articulação da categoria e avaliação do que fazer daqui para frente, isso acaba se perdendo”.
A contribuição de Evelyne sobre a análise de conjuntura é entender que o Serviço Social está bem dentro dessa realidade e se insere de forma particular. “Quando há a articulação entre o debate mais amplo da realidade e o que chega no cotidiano profissional, na base e na organização dos Conselhos Regionais, isso representa um sentido maior de unidade da categoria e um significado de fortalecimento da entidade”.
Já o coordenador do MTST, Rudrigo Rafael destacou a importância do espaço para a organização das/os profissionais de serviço social, que estão sendo bastante impactados por essa retirada de direitos, mas também que tem um papel fundamental da reorganização da classe e do sujeitos em resistência, para enfrentar esse desafio. “A escolha do nome da mesa aponta para isso, quando diz que eles combinarem de tentar nos matar e nós combinarmos de não morrer é a tentativa para reinventar o nosso cotidiano e a nossa prática política. Isso para não apenas fazer resistência, mas apontar por um projeto de sociedade que a gente entenda como alternativo, que venha a partir das práticas que surgem da luta dos sem terra, dos sem-tetos, da população LGBT, do movimento negro, do movimento estudantil, movimento feminista. Mostrar que todos esses campos de luta precisam encontrar uma convergência para apresentar um projeto de país diferente do que a gente tem.”
Rudrigo enfatizou que as/os participantes do Encontro saiam com essa necessidade de estar se organizando e dando mais, mesmo sabendo da conjuntura difícil e desanimadora. “A nossa tarefa é grande é que tem muitas perspectivas histórica de mudança, apesar de ser apontado a todo momento o fim da história. Porém estamos percebendo a cada momento que as coisas são possíveis de mudar e que a gente precisa só encontrar uma sintonia entre o que a gente faz no cotidiano e abarcar cada vez mais esse projeto”.
O primeiro dia do XXVIII Encontro Descentralizado Nordeste, que acontece no Marante Plaza Hotel, em Recife, terminou com a leitura e aprovação do regimento do Encontro e o momento de orientação da metodologia das plenárias do Encontro. Depois, foram apresentadas as delegações dos nove estados do Nordeste. O encerramento do dia ocorreu com uma noite cultural, tendo como atração o grupo Samba de Canjerê.
PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO
O segundo dia do Encontro Descentralizado Nordeste foi aberto com uma apresentação cultural da Femigang, grupo formado por jovens feministas negras e periféricas da Zona Norte do Recife, que denunciam o racismo e o machismo, formulando suas letras e poesias no combate a violência e as opressões.
A programação seguiu com a realização da plenária sobre o Planejamento do conjunto CFESS-CRESS, abordando pontos como a Proposta Orçamentária, o Plano de Metas e o Centro de Custos. As gestões dos Conselhos do Nordeste relataram as experiências de planejamento e o papel das orientações emitidas pelo CFESS.
Depois, foram realizadas as apresentações dos nove estados do Nordeste, que fizeram um relato da avaliação das gestões, que estão chegando ao último ano do triênio. Foram pontuadas as ações desenvolvidas nos eixos estratégicos e os desafios a serem cumpridos.
A plenária de avaliação final do evento, realizada pelos Conselhos Regionais e pelo CFESS, definiu que o estado do Sergipe será a sede do próximo Encontro Descentralizado Nordeste, em 2020.
Durante os dias do Encontro, o CRESS-PE disponibilizou o Espaço Infantil numa estratégia de oferecer espaço para assistentes sociais que estavam participando do Encontro deixarem os seus filhos/as enquanto acompanha as atividades.
SUCESSO DO ENCONTRO
Para a presidenta do CFESS, Josiane Soares, a escolha do tema “Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não morrer” é um chamado que o Nordeste aponta para o desafio que temos no combate ao racismo nessa difícil conjuntura e que mostra o quanto acertamos na escolha do tema de campanha da nossa gestão. “O Serviço Social tem sido desafiado a dar algumas respostas e essa situação. Por isso oportuna e necessária essa ação do conjunto”, comentou.
Para Josiane, o evento alcançou resultados expressivos, com discussões importantes e que serão reforçados no Encontro Nacional de Belém. “Aproveito, no momento em que completo o último ano de gestão para fazer um agradecimento especial as gestões dos Conselhos Regionais do Nordeste pelo apoio ao trabalho do conjunto nesse triênio”, reforçou.
Já a presidenta do CRESS-PE, Adiliane Batista, destacou que o Encontro trouxe uma importante mesa de conjuntura que possibilitou às/aos participantes refletirem sobre os impasses para os direitos conquistados nas últimas décadas no país e duramente atacados desde o golpe de 2016 e ainda mais massacrados pelo atual governo ultraliberal e conservador. “O Encontro serviu também para pensar em novas possibilidades de organização das classes trabalhadoras, que levem em consideração a diversidade, mas com um projeto comum de sociedade.”
Segundo, Adiliane, as principais dificuldades e os avanços das gestões, no que diz respeito na concretização das deliberações, estiveram no centro das discussões. “Mas o marco principal do evento, certamente, foi a articulação e organização política da região Nordeste”, pontuou.